sábado, 18 de junho de 2011

3. Ouvir não dói tanto quanto sentir!


"Começa a chover,
E a lágrima vai se misturar,
Com a água que cai do céu..."

 Haviam se passado já alguns meses após aquele dia na sala de aula, já estávamos nas vésperas das ferias de inverno. Thomas não costumava vir muito em minha casa, nós dois temos muito trabalho em nossos respectivos empregos. 
  Mas naquela sexta, sai do trabalho as 17horas, quando sai do prédio em que trabalho, um laboratório de analises clinicas, era secretaria, vi Thomas estava me esperando em frente ao prédio, encostado em seu carro, um Gol G5 Power preto. Quando me viu, deu aquele seu lindo sorriso que podia iluminar todo o quarteirão. Atravessei a rua sem olhar para os lados, só pude ver sua cara de espanto e sentir um vento passar atras de mim, Por um passo não fui atropelada por um ônibus. Ele só puxou meu braço e me abraçou, falou meio nervoso meio brincando:
 ─ Tentou se matar na minha frente por vingança é? Só para evitar isso passarei a estacionar o carro bem na frente da porta do predio!
 ─ Idiota! Não tentei me matar nada, seu sorrio é que me hipnotizou  e me fez atravessar a rua sem olhar só para tocar seus lábios.  ─ Sorri e lhe dei um selinho. ─ Vamos sair hoje? Você não devia estar no escritório?
 ─ Pedi para trocar as duas horas que faltaram hoje, por amanhã de manhã, só tenho que organizar alguns papeis lá mesmo de um processo que esta em andamento. Quero conversar com você... E é serio. Preciso saber uma coisa...
 ─ Ah, sim! Tudo bem!
  Entramos no carro, fomos em silencio até o parque, fiquei pensando o que ele queria saber, o que ele queria conversar. Saímos do carro e fomos andando em direção ao centro do parque. Fiquei parada em frente ao chafariz, de costas para Thomas. Respirei fundo e disse:
 ─ O tempo esta fechando... Vem chuva por ai. Não podemos demorar!
 ─ Não vamos demorar, quero que seja sincera... Me conte TUDO que você passou quando fui embora!
  Olhei para ele com o canto dos olhos. Respirei fundo, fiquei olhando o horizonte e me recordando tudo novamente, e falei:
 ─ O.K.! Na manhã seguinte em que você me deixou em casa, era um domingo, eu acordei com o barulho de uma tempestade, peguei meu celular e te liguei, chamou, ninguém atendeu, e caiu na caixa postal. Fiz tudo como normalmente, mas quando eram umas quatro e meia da tarde e você ainda não tinha chego lá em casa, resolvi te ligar, como você não atendeu, deixei mensagem, "Não vai vir? Me liga. Beijos, te amo!"
  "Na segunda feira, fui a escola e você não estava lá, tentei te ligar, e novamente caixa postal. comecei a me preocupar e sai da escola indo direto pra onde você morava...
 ─ Da escola até lá é longe para se ir a pé! - Disse Thomas cabisbaixo.
 ─ É, eu sei! Mas fui. Chegando lá, vi um caminhão de mudança e uma nova familia, me desesperei, comecei a gritar com a nova moradora, dizendo que ali não era a casa dela, não podia, que ali era a sua casa. Ela olhou para mim calma e disse, "Eles venderam a casa querida, foram embora. Ele não lhe avisou? Foram para os Estados Unidos. Lamento querida!". A partir dai minha vida acabou. Comecei a chorar, queria ir para casa, mas já não me recordava mais o caminho, sai andando sozinha e chorando. Não sei como, mas cheguei em casa, isso já eram três e meia da tarde.
 ─  Você ficou caminhando durante quatro horas? - Disse ele espantado.
 ─ E chorando. ─ Completei - Quando cheguei em casa, fui correndo para o telefone, liguei para minha mãe chorando, ela não conseguiu entender nada que eu havia dito, então voltou para casa bem rápido. Quando ela chegou em casa, me viu sentada ao lado do telefone com meu celular em mãos, chorando muito e te ligando. Ela ficou ali sentada comigo vendo eu chorar e ficar te ligando sem falar nada durante uma hora, quando não tinha mais forças, chorou comigo, disse que iria passar, me abraçou. Adormeci ali mesmo, nos braços dela.
  "Aquela noite foi a primeira noite de meu pesadelo diário, sonhava sempre que estava caindo, em um buraco sem fim, e acordava. Dormia uma hora por noite, o resto da noite ficava chorando. Fiquei uma semana sem sair de casa, nem ir a escola. Nathy e Jess vieram aqui por que não atendia as ligações delas e não fui a aula, então ligaram para minha mãe e ficaram sabendo. Passaram o fim de semana comigo e me fizeram voltar a escola.
  "Eu estava acabada. Não queria mais viver! Tentei me suicidar duas vezes, você ficou sabendo, lhe mandei email.
  ─ Até agora não sei o por que de você tentar suicidio! ─ Disse ele em tom irritado. 
  ─ Eu não queria mais viver. ─ A chuva havia mal começado a cair, e as lágrimas também, tudo que passei com aquela distancia passou diante de meus olhos. Thomas me abraçou, respirei fundo e continuei a falar entre lagrimas. ─ Após algum tempo, a dor passou. Fui a pscicologos, tomei remedios, e melhorei. Mas depois disso nunca mais namorei, e virei uma garota sozinha e sem sentimentos.
 ─  Você não sabe o quanto me dói ouvir tudo isso...
 ─ Ouvir não dói tanto quanto sentir... Por que você foi embora sem se despedir, de verdade?
  Ele me virou de frente para ele, estava chorando, ambos choravamos. Ele respirou fundo e disse entre as lagrimas:
 ─ Por que achei que a despedida lhe faria mal, mas vi que pensei errado. Me perdoa por tudo isso... Fui embora com minha familia por que meu pai foi transferido. Mas eu voltei Ammy, voltei por você. E prometo que nunca mais irei embora.
 ─ Eu já lhe perdoei Thomas, simplesmente por que você me fez voltar a viver!
  Ele me abraçou e fomos em direção ao carro, ele me levou para casa, se despediu e foi embora. Mandou avisar a "Dona Esther", minha mãe, que estava pedindo desculpas por tudo que me fez passar.
  Passamos a sair quase todos os dias, agora ele me entendia completamente, e eu o entendi.

2. Será que ele disse a verdade?


"E eu vou dizer
Que seria ideal
Fugir, te abandonar
Pra sempre..."

 Me mantive ali sentada e quieta, na esperança de que ele falasse algo a mais, mas ele simplesmente ficou me olhando em silencio, acho que esperando uma nova reação minha. Respirei fundo, levantei pegando minhas coisas e disse baixo:
  ─  Vou embora... Preciso pensar, ficar sozinha um pouco. Amanhã fale comigo, no FINAL da aula.
  Ele me olhou pensativo e somente acenou com a cabeça afirmativamente. Me virei e fui embora o mais rapido possivel, chorando.  Ao chegar em casa, fui direto para meu quarto, precisava pensar. Liguei meu som como de costume e peguei minha roupa para dormir, era seis horas da tarde ainda, mas eu não pretendia sair mesmo. Fui ao banheiro para tomar banho. Quando parei em frente ao espelho, nua, notei como havia mudado, nunca mais havia parado e me olhado com tanto prazer em me ver.
  Meus cabelos cresceram e estavam mais escuros, meus olhos mais azuis que a ultima vez que parei para observa-los, e minha pele mais clara, isso é fruto do pouco sol que pego, não gosto muito do calor. Estava linda, mas precisava me cuidar mais.
  Entrei no chuveiro e tomei um banho demorado, mas relaxante. Enquanto tomava meu banho resolvi que amanhã iria a escola de um modo que eles nunca viram, eu iria mostrar a mulher linda e sexy que havia em mim.
  Já que ainda não era hora de dormir, resolvi escolher a roupa para ir a escola. Passei duas horas procurando algo legal e confortavel, por fim, escolhi uma calça legging que lembrava couro e uma blusa branca de ombro caido com uma caveira de pedrinhas brilhantes e para calçar all star, claro. Já era quase dez horas quando fui até a cozinha e peguei somente uma maçã para comer. Por sorte minha mãe iria fazer hora extra e não ficaria me chamando pra jantar. Voltei para meu quarto, baixei o volume do radio e dormi.
  Acordei pela manhã toda suada. Acredito eu que foi por causa de algum sonho, mas não me lembro do que sonhei. 
  Levantei rápido para tomar banho. coloquei a roupa que havia escolhido, e fui fazer café. Minha mãe ainda não havia levantado, ela saia para ir trabalhar somente as dez da manhã. Trabalha em uma empresa de cosméticos.
  Peguei minha mochila e fui a escola. Tive que ir a pé dessa vez, já que minha mãe não quis levantar cedo para me levar. 
  Encontrei as meninas no meio do caminho. Nathy estava com Jhonatan e eles conversavam com Jess. Thomas não estava junto com eles. Ao me verem vestida daquela forma, Nathy só levantou a sobrancelha, enquanto Jess dizia:
 ─  Amiga, caprichou hoje ein! Se eu fosse lésbica te pegava!
  Sorri encabulada para ela. Jhonatan me olhou sorrindo e disse:
 ─ Com o perdão da palavra, mas você esta uma gata! Ah, antes que pergunte, o Thomas vai se atrasar... Não! Ele não desistiu de você e foi embora.
  Sorri com a piada idiota de Jhonatan, mas fiquei pensando, será que se ele desistisse e fosse embora, como eu ficaria? Nathy quis mudar o rumo da historia:
 ─  onde ele foi?
 ─  Foi levar o carro dele para a vistoria! Deve chegar na hora do intervalo... Vamos indo, nós vamos nos atrazar!
  Fomos andando mas a curiosidade falou mais alto, ele tinha a minha idade, não podia dirigir.
 ─  Dezessete anos já pode dirigir agora? Não sabia disso! ─  Disse Jess curiosa.
 ─  Bem... Não pode! Ele já fez dezoito...
 ─  Ah, sim!
  Chegamos atrasado na escola, fomos direto para a sala de aula. Na hora do intervalo Thomas chegou, e Jhonatan não estava conosco mais. Fiquei sentada com as meninas olhando para Thomas.
 ─  Será que ele disse a verdade? - Falei mexendo pouco os lábios para que ele não pudesse entender do que estava falando, afinal estava olhando para nós.
 ─  Olha amiga, você lembra o que o Jhony disse? Ele estava nos Estados Unidos, e resolveu voltar por sua causa. Você acha mesmo que ele mentiu? ─ Disse Nathy. 
 ─  Você já devia ter pensado nisso, é algo lógico! ─  Disse Jess sorrindo.─  Ele gosta muito de você amiga... Como você nos falou, ele disse que foi obrigado a ir embora, e não quis te fazer sofrer com uma despedida.
  Fiquei pensando nisso tudo, fomos para a sala de aula. Não consegui prestar atenção na aula, parece que o tempo voou.
  Bateu o sinal e eu fiquei branca, todos sairam da sala de aula, até mesmo Jhonatan e as meninas. Thomas veio em minha direção, eu respirei fundo e quando fui falar algo não saiu nada. Quando ele deu um sorriso pra mim, não aguentei.
  Me levantei da cadeira, fui andando rápido em direção a ele, o abracei forte e beijei seus lábios. Quando o beijei, me senti viva novamente, senti algo em meu peito que havia sido despedaçado a muito tempo e que agora batia forte e quente, um coração.
  Senti como se o mundo ao meu redor não existisse mais, eu não fazia mais parte do Planeta Terra, eu já estava no planeta da deusa do amor, já estava em Vênus. 
  Quando nossos lábios se separaram consegui respirar e falar, ainda abraçada nele:
 ─  Promete nunca mais me abandonar?
 ─ Eu não tenho a intenção de fazer isso... Voltei para ficar!
 ─ Você sabe que minha vingança pode ser cruel né? ─ Eu falei sorrindo .─ Eu posso fazer o mesmo que você fez, posso fujir... Te abandonar. E não voltar nunca mais.
 ─ É! Eu sei... Mas você não fará isso!
 ─ A é? Por que?
 ─ Por que eu não vou deixar! ─ Disse ele sorrindo, e beijando meus labios novamente.
  Agora sim, eu me sentia realmente viva.

1. Por que você voltou?



"Você vai dizer,
Eu não fiz por mau,
Eu não quis te magoar..."

 Uma manhã normal, quer dizer, não tão normal, era volta as aulas.
 Assim como todo primeiro dia de aula, estava eu animada, linda e muito bem vestida. Usava saia xadrez preta com riscos em vermelho, meia calça preta, couturnos pretos femininos, blusa vermelha com desenhos estranhos pretos, os cabelos soltos lisos e ao vento, com suas mechas azuis, nos olhos muito delineador preto.
 Passei na casa de minhas melhores amigas Jessica, que já havia saido de casa, e Nathalia, que também já havia saido, pois Jess tinha passado mais cedo para irem para a escola. Acho que se esqueceram que o primeiro dia de aula era sagrado pra eu, o resto nem tanto.
 Ao chegar no portão da escola dei um longo e doce beijo na face de minha mãe e entrei.
 Haviam muitas "caras" novas na escola, provavelmente alunos do 1° ano e do 2° ano do Ensino Medio, pois não aparentavam ser muito velhos, todos muito "crianças" para eu, uma garota que já estaria se formando dali nove meses. A não ser um garoto, era alto, de cabelos pretos, pele clara e lisinha, parecia bumbum de neném, provavelmente descendente de bugres. Ele me era familiar. Quando me viu, sorrio, como se já me conhecece. Tinha o sorriso mais lindo que já vi, dentes brancos e perfeitos. Voltou a conversar com seus amigos, que também eram gatissímos, mas continuou a fitar-me. Graças a Deus eu encontrei as minhas boas e velhas amigas.
 Jess nunca havia cido uma pessoa muito discreta, então logo acenou e gritou:
 ─ Ammy, amor, sedução. Que saudade!
 Ambas vieram ao meu encontro e eu ao delas.
 Estavam mais bonitas. Jess é gaucha, não tem como ser feia, e agora então, está perfeita.
 Seu cabelo castanhos está todo mechado em mel. Usava uma calça jeans desbotada, all star preto desbotado e uma blusa branca do Nirvana.
 Já Nath, aqueles cabelos sempre vermelhos "pote de danoninho", continuava com sua estatura baixa. Acho que sua viajem para os EUA havia lhe deixado mais branca, por lá ser inverno nessa época. As roupas dela sim, haviam mudado. Estava de short jeans, meia 7/8 preta e um blusão vermelho, isso a valorizava bastante.
 Ficamos pelos poucos minutos conversando na entrada da escola. Assim que o sinal soou, entramos na sala de presença, anotamos nossas materias do dia e respondemos a chamada.
 Enquanto o tempo passava até a hora da primeira aula, Nathy ficou nos contando do seu novo namorado. Claro, me espantei, pois ela havia pego trauma no meu lugar após meu desastre em um relacionamento.
 Sem demora, entram alguns meninos na sala, junto com eles, o garoto do sorriso lindo.
Um deles veio em nossa direção. Era Jhonatan, o namorado de Nathy. Ele ficou ali conosco um tempo, dando atenção a Nathy e conversando, quando levantamos para ir ate a sala da primeira aula, ele tirou um papel do bolso e me entregou.
 ─ É pra você... Leia com calma...
 Abri então aquele papel, escrito com uma letra magnifica, uma menssagem assombrosa e que me manteve parada e perplexa por alguns segundos.
 "Precisamos conversar.. Te encontro no fim das aulas atraz do ginasio como antes? Com muito amor... Thomas!"
 Aquele garoto, que a alguns anos atras, e que eu fiz tanta terapia para esquecer seu rosto voltou. Reconheci aquele sorriso, apesar de ele estar mais velho e mais bonito. Toda a dor que senti quando ele me deixou, todo o sentimento de dor que senti durante meses voltando, e me fazendo delirar.


 As meninas arrancaram o papel de minha mão, me fazendo assim voltar a realidade. Nathy foi totalmente contra eu conversar com ele, mas Jess disse que eu precisava ouvi-lo como ponto final de minha terapia. Por fim, resolvi ir.
 Não via a hora do sinal tocar, o tempo demorou a passar. Mas assim que bateu o sinal, fui rapidamente para trás do ginásio. Ele já me esperava lá, ficou me olhando, sorrindo de canto.
 ─ Você me odeia?  ─ Disse Thomas sem jeito.
 ─ Acho que não... Mas você me magoou de mais, me matou...  ─ Meus olhos se encheram de lagrimas, logo ele veio e me abraçou forte, e ficou sussurrando em meu ouvido enquanto eu chorava.
 ─ Eu não tive escolha, ou eu ia para os Estados Unidos com meus pais, ou ia... Nunca esqueci de você Ammy, por isso voltei... Assim que fiz dezoito anos, eu voltei...Eu quero ficar com você, nossos meses de namoro foram os melhores, e quero você pra sempre comigo Ammy... Me perdoa? Por favor...
 Consegui me soltar daqueles braços fortes e me sentei em um balanço antigo que havia ali. Olhei para ele friamente.
 ─ Por que deveria lhe perdoar? Você não sabe o mau que me fez...
 ─ E eu quero reparar isso... Eu preciso de uma resposta sua... Você me perdoa?
 ─  Por que você voltou?
 ─ Por você... Por que te amo...

Sinopse


Ammy já havia sofrido com varias aflições do passado. Um amor que a deixou agora volta com   
tudo e a tenta fazer a garota mais feliz do mundo.
Tudo ia muito bem até Ammy descobrir um empecilho que não a deixava ficar com seu amado Thomas. Suas amigas, Nathy e Jess, lhe dão força para deixar os problemas e ser forte, quando tenta fazer isso, uma bruta separação...