"Começa a chover,
E a lágrima vai se misturar,
Com a água que cai do céu..."
Haviam se passado já alguns meses após aquele dia na sala de aula, já estávamos nas vésperas das ferias de inverno. Thomas não costumava vir muito em minha casa, nós dois temos muito trabalho em nossos respectivos empregos.
Mas naquela sexta, sai do trabalho as 17horas, quando sai do prédio em que trabalho, um laboratório de analises clinicas, era secretaria, vi Thomas estava me esperando em frente ao prédio, encostado em seu carro, um Gol G5 Power preto. Quando me viu, deu aquele seu lindo sorriso que podia iluminar todo o quarteirão. Atravessei a rua sem olhar para os lados, só pude ver sua cara de espanto e sentir um vento passar atras de mim, Por um passo não fui atropelada por um ônibus. Ele só puxou meu braço e me abraçou, falou meio nervoso meio brincando:
─ Tentou se matar na minha frente por vingança é? Só para evitar isso passarei a estacionar o carro bem na frente da porta do predio!
─ Idiota! Não tentei me matar nada, seu sorrio é que me hipnotizou e me fez atravessar a rua sem olhar só para tocar seus lábios. ─ Sorri e lhe dei um selinho. ─ Vamos sair hoje? Você não devia estar no escritório?
─ Pedi para trocar as duas horas que faltaram hoje, por amanhã de manhã, só tenho que organizar alguns papeis lá mesmo de um processo que esta em andamento. Quero conversar com você... E é serio. Preciso saber uma coisa...
─ Ah, sim! Tudo bem!
Entramos no carro, fomos em silencio até o parque, fiquei pensando o que ele queria saber, o que ele queria conversar. Saímos do carro e fomos andando em direção ao centro do parque. Fiquei parada em frente ao chafariz, de costas para Thomas. Respirei fundo e disse:
─ O tempo esta fechando... Vem chuva por ai. Não podemos demorar!
─ Não vamos demorar, quero que seja sincera... Me conte TUDO que você passou quando fui embora!
Olhei para ele com o canto dos olhos. Respirei fundo, fiquei olhando o horizonte e me recordando tudo novamente, e falei:
─ O.K.! Na manhã seguinte em que você me deixou em casa, era um domingo, eu acordei com o barulho de uma tempestade, peguei meu celular e te liguei, chamou, ninguém atendeu, e caiu na caixa postal. Fiz tudo como normalmente, mas quando eram umas quatro e meia da tarde e você ainda não tinha chego lá em casa, resolvi te ligar, como você não atendeu, deixei mensagem, "Não vai vir? Me liga. Beijos, te amo!"
"Na segunda feira, fui a escola e você não estava lá, tentei te ligar, e novamente caixa postal. comecei a me preocupar e sai da escola indo direto pra onde você morava...
─ Da escola até lá é longe para se ir a pé! - Disse Thomas cabisbaixo.
─ É, eu sei! Mas fui. Chegando lá, vi um caminhão de mudança e uma nova familia, me desesperei, comecei a gritar com a nova moradora, dizendo que ali não era a casa dela, não podia, que ali era a sua casa. Ela olhou para mim calma e disse, "Eles venderam a casa querida, foram embora. Ele não lhe avisou? Foram para os Estados Unidos. Lamento querida!". A partir dai minha vida acabou. Comecei a chorar, queria ir para casa, mas já não me recordava mais o caminho, sai andando sozinha e chorando. Não sei como, mas cheguei em casa, isso já eram três e meia da tarde.
─ Você ficou caminhando durante quatro horas? - Disse ele espantado.
─ E chorando. ─ Completei - Quando cheguei em casa, fui correndo para o telefone, liguei para minha mãe chorando, ela não conseguiu entender nada que eu havia dito, então voltou para casa bem rápido. Quando ela chegou em casa, me viu sentada ao lado do telefone com meu celular em mãos, chorando muito e te ligando. Ela ficou ali sentada comigo vendo eu chorar e ficar te ligando sem falar nada durante uma hora, quando não tinha mais forças, chorou comigo, disse que iria passar, me abraçou. Adormeci ali mesmo, nos braços dela.
"Aquela noite foi a primeira noite de meu pesadelo diário, sonhava sempre que estava caindo, em um buraco sem fim, e acordava. Dormia uma hora por noite, o resto da noite ficava chorando. Fiquei uma semana sem sair de casa, nem ir a escola. Nathy e Jess vieram aqui por que não atendia as ligações delas e não fui a aula, então ligaram para minha mãe e ficaram sabendo. Passaram o fim de semana comigo e me fizeram voltar a escola.
"Eu estava acabada. Não queria mais viver! Tentei me suicidar duas vezes, você ficou sabendo, lhe mandei email.
─ Até agora não sei o por que de você tentar suicidio! ─ Disse ele em tom irritado.
─ Eu não queria mais viver. ─ A chuva havia mal começado a cair, e as lágrimas também, tudo que passei com aquela distancia passou diante de meus olhos. Thomas me abraçou, respirei fundo e continuei a falar entre lagrimas. ─ Após algum tempo, a dor passou. Fui a pscicologos, tomei remedios, e melhorei. Mas depois disso nunca mais namorei, e virei uma garota sozinha e sem sentimentos.
─ Você não sabe o quanto me dói ouvir tudo isso...
─ Ouvir não dói tanto quanto sentir... Por que você foi embora sem se despedir, de verdade?
Ele me virou de frente para ele, estava chorando, ambos choravamos. Ele respirou fundo e disse entre as lagrimas:
─ Por que achei que a despedida lhe faria mal, mas vi que pensei errado. Me perdoa por tudo isso... Fui embora com minha familia por que meu pai foi transferido. Mas eu voltei Ammy, voltei por você. E prometo que nunca mais irei embora.
─ Eu já lhe perdoei Thomas, simplesmente por que você me fez voltar a viver!
Ele me abraçou e fomos em direção ao carro, ele me levou para casa, se despediu e foi embora. Mandou avisar a "Dona Esther", minha mãe, que estava pedindo desculpas por tudo que me fez passar.
Passamos a sair quase todos os dias, agora ele me entendia completamente, e eu o entendi.